SARNA DEMODÉCICA.
Navegando pela internet, encontrei um dos melhores artigos sobre o tema demodex canis,de autoria da Médica e Criadora de Bulldog Francês, Dra. Camilli Chamone (http://www.villechamonix.com/).
Uma linguagem de fácil compreensão. E desmistifica inúmeras incompreensões sobre o tema:
Sarna Demodécica
“Oi Camilli, levei minha bebê frenchie ao veterinário como você sugeriu. Se ele não tivesse feito o exame de raspado de pele, poderia jurar que era SARNA DEMODÉCICA. Imagine, que palavrão!!!”
Sarna demodécica.
Todos morrem de medo dela! Inclusive os criadores de cães.
Desde o advento do Google, todo mundo é meio-entendido em tudo: meio-chef de cozinha, meio-advogado, meio-jornalista, meio-fisioterapeuta, meio-médico, meio-dentista, meio-arquiteto, meio-paisagista e, por que não, meio-excelente veterinário? :)
Ainda há que se considerar que essa doença também é polêmica no meio profissional.
Como a ciência e a tecnologia são “voláteis”, um veterinário precisa estar atualizado; utilizar os conhecimentos adquiridos láááá na época da faculdade não é o suficiente para lidar com as bases celulares da patologia.
Por isso, talvez, tantas informações atravessadas sobre o tema, em todos os meios.
Enquanto os filhotes vivem no ambiente uterino da cadela, diz-se que eles são “germ free”.
A mesma coisa acontece com os humanos. Enquanto a mulher gesta, seu filho está protegido da maioria dos microorganismos que entra em contato com a mãe.
Somente após o nascimento, é que a microbiota (o termo “flora” está em desuso) da pele e das mucosas vai sendo povoada por bactérias, fungos, ácaros e outros microorganismos. E este é um processo contínuo, que ocorre por toda a vida do indivíduo.
No caso dos humanos, a boca possui – no mínimo – 500 espécies de bactérias distintas, além de fungos. Por mais incrível que pareça, para cada célula humana em nosso corpo, há 10 células de microorganismos aderidas ao nosso corpo (interna e externamente), que somam algo em torno de 1 kg de peso.
Não há problema algum em conviver com todos estes microorganismos, pelo menos para mim, que não sou imunodeprimida.
Com os cães, o mesmo processo ocorre.
Tão logo saem do ambiente uterino, entram em contato com microorganismos e dá-se início à colonização de pele e mucosas destes filhotes.
Bem, a história da sarna demodécica começa aí.
O que todas as pessoas precisam entender é que 100% dos cães possuem um ácaro, em pequenas quantidades na pele, chamado demodex canis.
Podem ser os sharpeis da Xuxa, pode ser o Barney – scottish terrier – do, ainda, presidente Bush, pode ser o Leo que chegou do Canadá, podem ser os vira-latas de meu pai. TODOS, absolutamente todos os cães da face da terra possuem um ácaro na pele/pêlo, chamado demodex canis.
E, claro, quando os filhotes nascem, eles entram em contato com a mãe e adquirem este ácaro. Assim como também adquirem streptococcus, staphilococcus, lactobacilos, fungos e outros microorganismos.
ISSO É NORMAL! Não há nada de errado com isso. Cães não ficam doentes porque a mãe tem o ácaro na pele.
Até 1 ano de idade, a imunidade do filhote é MUITO flutuante.
Por isso, muitos humanos de estimação se impressionam com a necessidade de constantes visitas ao veterinário, no primeiro ano de vida. Depois dos 2 anos de idade, tudo muda.
Com esses microorganismos é assim: bobeou a gente pimba!
Por isso, muitos humanos de estimação se impressionam com a necessidade de constantes visitas ao veterinário, no primeiro ano de vida. Depois dos 2 anos de idade, tudo muda.
Com esses microorganismos é assim: bobeou a gente pimba!
Durante essas flutuações de imunidade, muito comuns no 1º ano de vida, os microorganismos da pele – que também são oportunistas – podem se desenvolver MAIS, alterando o equilíbrio da microbiota normal.
Por isso, podem surgir áreas com perda de pêlo provocadas por fungos, bactérias ou pelo demodex canis.
Este quadro de demodicose na infância não pode ser, definitivamente, taxado como aquela doença terrivelmente temida que ocorre na vida adulta, em ciclos repetidos, até o final da vida do cão.
A proliferação exacerbada do demodex canis na infância pode nunca mais recidivar, uma vez tratada, ou pode ocorrer em outros episódios, que sumirão na fase adulta.
A SARNA DEMODÉCICA “legítima” é uma questão imunológica, pois há contínua flutuação de imunidade, mesmo com o cão em idade adulta.